No Brasil, as projeções do mercado pet-vet em 2026 mostram um setor resiliente e em franco crescimento, impulsionado por uma profunda mudança cultural na relação entre humanos e animais de estimação. Estima-se que, no próximo ano, o setor faturará aproximadamente R$ 80 bilhões, um indicativo da maturidade desse mercado, bem como da crescente disposição dos tutores em investir na qualidade de vida de seus animais. Vale lembrar que o país possui uma das maiores populações de pets do mundo (cerca de 170 milhões), atrás apenas dos Estados Unidos e da China.
Pet-vet: um mercado em expansão
Entre os fatores que explicam o crescimento exponencial do mercado pet-vet, destacam-se:
- Humanização dos pets
Atualmente, os animais de estimação são considerados como membros da família, e essa transformação emocional impacta diretamente o consumo, levando os tutores a buscarem o que há de melhor em saúde, bem-estar e conforto para seus pets.
- Maior longevidade e complexidade de cuidados
Os avanços na medicina veterinária e na nutrição têm aumentado a expectativa de vida dos pets. E, com a maior longevidade, surgem demandas contínuas por cuidados especializados, como check-ups geriátricos, tratamentos preventivos e manejo de doenças crônicas.
- Expansão dos serviços premium e de nicho
O mercado de luxo e de nicho para pets está em plena ascensão, com produtos e serviços de alto padrão como terapias alternativas (acupuntura, fisioterapia), exames de imagem avançados, planos de saúde pet e estética especializada, entre outros.
O que vem por aí
Digitalização como motor de expansão do setor
O mercado pet-vet continuará a crescer em 2026, ainda que em ritmo mais moderado. Embora o setor veterinário permaneça fortemente fragmentado, com inúmeras clínicas autônomas e processos pouco padronizados, essa pulverização oferece um cenário propício para o avanço da transformação digital. Afinal, à medida que a complexidade dos serviços aumenta, cresce também a necessidade de ferramentas tecnológicas que profissionalizem a gestão, garantindo mais eficiência e previsibilidade ao negócio.
A digitalização surge como um vetor de transformação do mercado, visto que a democratização tecnológica impulsionará parcerias, fusões e a formação de redes colaborativas. A tendência, portanto, é o surgimento de ecossistemas pet interconectados, nos quais clínicas compartilham dados com segurança e consentimento, otimizam recursos e elevam o padrão de atendimento em toda a cadeia. Além disso, o uso de dados centralizados proporcionará uma visão macro do setor, facilitando políticas públicas, estudos epidemiológicos e a evolução das práticas de bem-estar animal em escala nacional.
Plataformas de gestão em clínicas
As plataformas de gestão em clínicas veterinárias também serão um fator crítico no ano que está por vir. Esses sistemas permitem o acesso imediato e seguro ao histórico completo dos pets, garantindo diagnósticos mais rápidos e tratamentos mais eficazes, além de otimizarem o controle de custos, medicamentos e insumos, aspecto essencial para reduzir desperdícios e elevar a margem de lucro. Outro benefício essencial é a automatização do agendamento, dos lembretes de vacinas e dos pós-atendimentos, entre outros, para assegurar a saúde preventiva dos pets e garantir a fidelização de clientes.
Telemedicina veterinária
Outra funcionalidade crucial em 2026 será a telemedicina veterinária, que facilita significativamente a conexão entre tutores e profissionais de saúde animal — especialmente em regiões com acesso limitado a clínicas. Essa ferramenta oferece apoio indispensável em consultas iniciais, acompanhamentos de tratamento e triagens rápidas, além de proporcionar conveniência, ampliar o alcance dos serviços, fortalecer o relacionamento com o cliente e reduzir a sobrecarga de atendimentos presenciais.
Em outras palavras, isso significa que, com o avanço da regulamentação da telemedicina e o amadurecimento tecnológico das plataformas digitais, as clínicas e hospitais veterinários terão um ambiente muito mais favorável para oferecer esse tipo de serviço de forma segura, padronizada e integrada a outros sistemas de gestão. E a tendência é que a consulta híbrida — parte presencial, parte remota — se torne um modelo recorrente, especialmente para acompanhamento de doenças crônicas e orientações de rotina.
Abordagem data-driven
Outro ponto decisivo na evolução do mercado pet-vet em 2026 será o uso intensivo de dados para tomada de decisão. Por muito tempo, a maioria das clínicas se baseava apenas em percepções empíricas ou relatórios básicos de faturamento. Hoje, porém, a inteligência de dados é o diferencial entre crescer ou estagnar. Soluções tecnológicas com dashboards dinâmicos e relatórios em tempo real permitirão que os gestores analisem indicadores de desempenho clínico, eficiência operacional, lucratividade por serviço e comportamento de compra dos tutores.
Na prática, o uso de analytics possibilitará uma melhor compreensão do ciclo de vida do cliente, além de prever demandas sazonais, permitir ajustes nos estoques e personalizar a comunicação. Além disso, ajudará a identificar padrões de doenças e a planejar campanhas de saúde preventiva de maneira mais assertiva, beneficiando as clínicas e os tutores. Essa abordagem, vale ressaltar, proporciona mais transparência e previsibilidade para o negócio.
A experiência do tutor em primeiro lugar
Em um setor cada vez mais humanizado, a satisfação do cliente está diretamente ligada à confiança, à agilidade no atendimento e à clareza das informações. Nesse cenário, a digitalização possibilita uma jornada fluida e personalizada, por meio de lembretes automáticos de vacinação, histórico clínico acessível em aplicativos, pagamento online, comunicação via WhatsApp e acompanhamento de tratamentos em tempo real, entre outros aspectos. Tudo isso, vale ressaltar, fortalece o vínculo entre o tutor e a clínica.
O atendimento pós-consulta também tende a ganhar protagonismo. Plataformas que automatizam mensagens de acompanhamento e fornecem orientações personalizadas aumentam a taxa de retorno e fortalecem a fidelização — transformando uma relação pontual em um vínculo de longo prazo. A mensagem, aqui, é clara: em 2026, as clínicas e hospitais veterinários que oferecerem mais do que um serviço — entregando ao tutor cuidado, confiança e experiência — serão as que permanecerão relevantes no mercado.
Tecnologia e fidelização
A fidelização de clientes será um dos pilares do crescimento do setor pet-vet em 2026. Uma vez que o custo de aquisição de novos tutores tende a aumentar, é essencial manter os clientes atuais engajados e satisfeitos. Nesse sentido, ferramentas de CRM (Customer Relationship Management) integradas aos sistemas de gestão permitirão segmentar a base de clientes, personalizar comunicações e prever o momento certo para oferecer novos serviços.
Além disso, a combinação de dados clínicos e comportamentais possibilitará ações de marketing mais eficazes, com foco em recompra, prevenção e relacionamento. Ou seja, as clínicas que adotarem esse modelo inteligente conseguirão transformar informações em conexões emocionais, fortalecendo a lealdade e o valor de marca no longo prazo.
Conclusão
O mercado pet-vet em 2026 caminha para a consolidação de uma nova era, marcada pela integração entre tecnologia, gestão e experiência humana. O setor passará, cada vez mais, a adotar processos inteligentes e a tomar decisões orientadas por dados em meio a uma cultura de eficiência que coloca o tutor e o bem-estar animal no centro de tudo, superando a dependência de controles manuais, planilhas dispersas e rotinas operacionais fragmentadas. Em outras palavras, a digitalização já não é mais uma tendência, mas a base de um modelo de negócio que valoriza tempo, previsibilidade e qualidade, transformando clínicas em estruturas modernas, conectadas e preparadas para o futuro.